
Rússia impõe restrições à importação de carne bovina e suína do Brasil
O Serviço Federal de Controle Veterinário e Fitossanitário da Rússia (Rosselkhoznadzor) informou nesta segunda-feira a imposição de restrições temporárias às importações de carne bovina e suína do Brasil para a Rússia a partir em 1º de dezembro.
A informação foi confirmada à Sputnik pela porta-voz da organização, Yulia Melano.
"O Rosselkhoznadzor é obrigado a tomar medidas urgentes para proteger os consumidores russos e o mercado doméstico de alimentos e impor restrições temporárias às importações do Brasil para a Rússia a partir de 1º de dezembro deste ano a todos os produtos feitos de carne de porco e carne bovina", disse Melano.
Segundo a porta-voz, as medidas foram impostas após a descoberta de que a carne produzida no Brasil contém traços do estimulante de crescimento ractopamina.
Carne contaminada
Todos nós já ouvimos as histórias de horror sobre como aves, gado e outros animais são criados, alimentados e mantidos antes de enviá-los ao matadouro para serem vendidos como alimento. Por exemplo, os bovinos são injetados com hormônios de crescimento que, mais tarde, se acumulam na carne e no leite. Também sabemos que as galinhas são alimentadas com concentrado carregado com toxinas e são vacinadas antes da venda para supermercados como “frango fresco ‘. Eu não sei qual é a sua definição de fresco, mas 45 dias a dois meses não parece fresco para mim.
Além de hormônios, antibióticos e vacinas, a carne também está contaminada com outras substâncias, tais como a ractopamina. Esta toxina é utilizada para reduzir o teor de gordura da carne de animais.
Testes de laboratório mostraram que pelo menos 20% da ractopamina administrada aos animais permanece na carne de suínos, frango, peru e gado. Dependendo de onde você vive no mundo, a carne pode provir de animais cujas dietas têm até 30% de ractopamina.
Porque a ractopamina ainda é administrada aos animais, apesar de se saber que esta substância é conhecida por estar relacionada com uma redução da função reprodutiva, aumento de mastite, incapacidade e morte dos animais, bem como doenças cardiovasculares e hiperatividade nos seres humanos?
Essa é uma boa pergunta! Certifique-se de perguntar ao seu governo local.
Atualmente, 160 países rejeitam a carne de gado, porco e frango cuja ração contém ractopamina.
"De acordo com a atual legislação russa, o uso de ractopamina e outros estimulantes para o crescimento da massa muscular de animais, bem como a importação para a Rússia de produtos obtidos com o uso dessas substâncias, está proibida na produção de produtos alimentares", disse um comunicado divulgado pelo Rosselkhoznadzor.
A organização russa ressaltou ainda que o Ministério da Agricultura brasileiro havia acordado, após “negociações em larga escala e complexas” para "assegurar o cumprimento rigoroso das empresas russas com os requisitos […] para fornecer à Rússia produtos exclusivamente elaborados a partir de carne animal que não foi cultivada com ractopamina".
O Rosselkhoznadzor pontuou ainda que enviou uma proposta ao ministério brasileiro no último dia 16 de novembro, a fim de tratar do assunto o mais rápido possível. "No entanto, o diálogo com o lado brasileiro não ocorreu até o presente", continuou a nota.
O Ministério da Agricultura do Brasil ainda não se pronunciou sobre o assunto. É o segundo incidente que põe em dúvida a qualidade da carne brasileira perante a comunidade internacional. Os Estados Unidos também colocaram restrições ao produto brasileiro por violações na área sanitária.
A Rússia é a quinta nação em negócios de compra de carne do Brasil, tendo comprado mais de US$ 350 milhões em produtos brasileiros até setembro deste ano.
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